Desde o início do ano, o BPN tem 25.000 novos clientes. Não sou muito bom com siglas, mas o BPN não é aquele do senhor que está preso e vai lanchar sandes e Sumol à Assembleia? (quando vi o aspecto das sandes e a simpatia dos deputados da comissão até pus a hipótese de enveredar pelo crime económico) Vamos lá ver se eu percebo isto. O BCP faz campanhas com a B. Guimarães num barco (foleiro). O BES põe pessoas a cantar (muito mal) e a dançar (mal) na rua. O BPN aparece todos os dias nas televisões porque está na falência e é só buracos para tapar e pumba! Aumenta 25000 clientes! Se calhar, mais valia o BCP ter posto a Bárbara sem um dente, esfarrapada, com uma caixa de fósforos no meio de ratos a pedir esmola. Ou então é só a velha questão: o que interessa é que falem de mim, seja bem ou mal. Provavelmente há quem pense – vou pôr o dinheiro neste BPN estou farto de ouvir falar nele na televisão é porque é bom. – E é agradável chegar a casa e poder dizer: “Maria anda cá. Estão outra vez a falar do nosso banco na televisão.” Ou então, e esta parece-me ser a razão mais plausível para o aumento de clientes: fizeram-no para ter uma razão para andar chateados. Agora já podem dizer aos amigos: - E eu!Não brinquem comigo! Eu tenho o meu dinheiro no BPN e isto é uma vergonha! Cambada de patifes! – Por outro lado, os clientes do BPP é que não devem ter aumentado. Vi as imagens á porta da sede e já não via tanta gente de chapéu à cowboy e óculos escuros desde o Dallas. Porque é que há tantos clientes do BPP de chapéu à cowboy? Será que os pontos do VISA davam direito a um cavalo?
Há clientes do BPP que ameaçam entrar em greve de fome. Acho parvo...o nome da greve. Greve de fome é força de expressão, têm o dinheiro congelado e os restaurantes não aceitam promessas por mini-pratos. Querem fazer um protesto a sério. Façam greve das roupas e vão nus para a porta da sede do BPP. Se perguntarem, porque estão nus ? Digam que é para facilitar a vida aos administradores do banco. Quem quer aparecer, vai ao BPP. Adeus e cuidai dos vossos depósitos com carinho e prudência para que cresçam viçosos e sadios capazes de ter uma vida longa, superior a quinze dias.
*1 - Ben Walker Art
A Crise está para os portugueses como a virose para os médicos: serve para justificar tudo. O princípio – Crise vem do latim e tem a mesma equivalência da palavra vento. Ou seja: é um estágio de alternância, o qual, uma vez ocorrido, não volta ao que costumava ser. Achou complicado? Pode sempre dizer que tem a cabeça cansada da Crise. Vamos lá ser sinceros, a Crise veio dar um jeito do caraças! A Crise, para começar, permite abusar de um dos nossos verbos favoritos: adiar . O que mais se ouve é - “Isso agora, com a Crise…não pode ser nada. É melhor ficar para outra altura” , - …mas eu só queria dar um rim…-
Porque é que o empregado do café passou a ter cara de mau?! Porque é que começou a atirar com a bica para cima do balcão?! Porque é que a colher tem resto de chantily misturado com bâton?!! É a Crise. Com a Crise, já não temos direito aos pequenos mimos, como: a educação e os serviços mínimos. Isso fazia parte dos tempos em que isto era uma civilização e não um bando de gente a tentar sobreviver, como é agora. Se uma pessoa diz: “Mas…eu gostava de ter uma colher sem bâton, porque esta nem sequer é a cor que fica bem como o meu café “, tratam-nos como se fossemos uns seres desprezíveis; preocupados com minhoquices enquanto os outros estão ali a vender duchaisse, (cada vez mais pequenos, e sem fios de ovos, por causa da Crise) para tentar sobreviver. No fundo, somos uns fascistas e uns gajos do passado. E eu não gosto de ser visto assim. Por isso, não digo nada. E até lambo a colher. Porque tive a sorte de apanhar um bocado de chantilly (que é um luxo com esta Crise) e porque: mais vale apanhar herpes labial e juntar-me ao bando do que passar por um sacana de um indivíduo que não está em Crise, ou é insensível a ela.
A educação também passa por alterações durante a Crise. Por exemplo, se há coisa que hoje em dia fica mal; e é considerado de uma enorme falta de educação, é dizer: “vai tudo bem lá na empresa.” - Diz que foi aumentado, o ordinário! -
Resumo: se a economia fosse um pronto a vestir, qual era o fato que assentava melhor a Portugal? Um smoking de economia em expansão ou o fato de treino da Crise?…pois é. A Crise é o nosso habitat natural, é como voltar à terra: pobrezinhos mas reconfortados.
Foi Kennedy que disse: “Quando escrito em chinês a palavra Crise compõe-se de dois caracteres: um representa perigo e o outro representa oportunidade.” Disse isto, mas foi baleado. Por isso, é melhor não ligar ao que ele disse e pôr um capacete se for andar de descapotável nestes dias de sol e Crise.